Golpes com IA na Black Friday: como proteger seu bolso e dados
- Marília Oliveira

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Black Friday 2025: a grande armadilha digital
Este ano, a Black Friday no Brasil tem tudo para cumprir sua fama de shopping frenzy. A previsão da ABIACOM é que o comércio eletrônico movimente R$ 13,34 bilhões, com cerca de 16,5 milhões de pedidos — um crescimento expressivo em relação a 2024. Fast Company Brasil
Mas onde há muita oferta, também há grande risco. E o problema não é apenas o preço ou o produto. O perigo mora nos golpes digitais, turbinados por inteligência artificial (IA).
Segundo reportagem recente da Fast Company Brasil, o Brasil lidera o ranking global de vítimas de golpes online. Fast Company Brasil Mesmo antes da Black Friday, os consumidores já relatavam perdas significativas: quase 40% disseram ter prejuízos acima de US$ 251 (cerca de R$ 1.300), e 5% perderam mais de US$ 5 mil (mais de R$ 26 mil) em um único ataque. Fast Company Brasil Com o feriado de promoções batendo à porta, as fraudes crescem exponencialmente — há relatos de aumento de até 22% nas tentativas de golpe durante a semana. Fast Company Brasil
O golpe mais comum? O “typosquatting” — domínios falsos criados para se parecer com os de lojas reais. Por exemplo, trocar “.com” por “.co” ou alterar uma letra no nome da marca. Basta um clique errado para que dados pessoais e de pagamento caiam nas mãos de criminosos. Fast Company Brasil
Mas há mais. A IA permite criar sites e anúncios cada vez mais sofisticados, difíceis de distinguir dos verdadeiros. Resultado: muitos compradores ficam vulneráveis sem nem perceber. Blog Reclame AQUI+2The Guardian+2
Por que isso está pior em 2025
Nos últimos anos, os cibercriminosos aprimoraram seus métodos. Algumas tendências recentes explicam por que a Black Friday de 2025 tem um risco tão elevado:
Criação em massa de sites falsos: com gerações automáticas de páginas web e anúncios, golpistas conseguem montar lojas inteiras em questão de horas. Economic News Brasil+1
Domínios enganosos (typosquatting): basta um erro de digitação para você entrar numa página falsa — e as semelhanças visuais são muitas. Fast Company Brasil
Anúncios nas redes e deepfakes: vídeos e publicações gerados por IA imitam celebridades ou marcas conhecidas para promover ofertas falsas com realismo impressionante. Correio Braziliense+1
Phishing e fraude no pagamento: desde e-mails falsos até QR codes maliciosos para Pix, o objetivo é obter seus dados financeiros ou levá-lo a fazer o pagamento para contas “laranjas”. Fast Company Brasil+1
O resultado: muitos consumidores nem percebem que foram enganados — até verem o dinheiro sumir ou o produto nunca chegar.
Como identificar sinais de fraude
Para escapar dos golpes, é preciso mais do que atenção: é preciso estratégia. Veja os sinais de alerta mais comuns:
URL estranha ou levemente alterada: se o endereço da loja tiver letras trocadas, hífens, terminações diferentes (.co, .shop etc.), desconfie. Fast Company Brasil+1
Ofertas absurdas: preços muito abaixo do mercado, sem pesquisas ou reputação visíveis. Golpistas sabem que essa “urgência” vende. The Guardian+1
Ausência de dados importantes: lojas legítimas costumam ter endereço, CNPJ, telefone de contato e política de privacidade. Falta disso é bandeira vermelha. aura.com+1
Pressa, urgência e demanda por pagamento rápido: “preço só até meia-noite”, “vaga limitada”, “pague via Pix ou só boleto” — são sinais típicos de golpe. Fast Company Brasil+1
Design/fotos de qualidade ruim ou genérica demais: imagens genéricas, erros de linguagem ou inconsistências no layout podem indicar uso de IA ou montagem descuidada. aura.com+1
Mesmo sinais sutis devem chamar atenção. Em tempos de IA, até páginas bem feitas podem ser falsas.
O que dizem os dados
Pesquisa do Reclame AQUI apontou que 63% dos consumidores não conseguem identificar golpes feitos com IA. Blog Reclame AQUI
76% declararam insegurança ou desconfiança diante de ofertas de Black Friday em 2025 — evidência de que a consciência sobre o risco está aumentando, mas o conhecimento para lidar com ele ainda é escasso. Fast Company Brasil+1
Segundo a Kaspersky, bastam erros simples de digitação ou confusão com um hífen para cair num site falso. Fast Company Brasil+1
A operação criminosas tem escala: só entre 17 de outubro e 4 de novembro surgiram mais de mil novos sites falsos voltados à Black Friday. VEJA+1
Esses números mostram como o risco é real — e crescente.
Como se proteger: checklist para compras seguras
Se você vai comprar na Black Friday, siga estes passos antes de clicar em “finalizar compra”:
Digite manualmente o endereço da loja ou use os favoritos do navegador. Evite clicar em links recebidos por e-mail, SMS ou anúncios. Fast Company Brasil+1
Verifique o domínio com cuidado — preste atenção a letras trocadas, hífens, terminação. Compare com a URL oficial da marca. Fast Company Brasil+1
Cheque os dados de contato e reputação da loja — CNPJ, endereço, telefone, comentários de usuários. Falta deles é um mau sinal. aura.com+1
Desconfie de ofertas “boas demais para ser verdade” — se o desconto é enorme e não há sinais de estoque limitado, vale checar. The Guardian+1
Prefira meios de pagamento seguros: cartão de crédito, intermediadores (como PayPal), ou métodos que ofereçam proteção contra chargeback. Evite transferências diretas, Pix “urgente” ou boleto. Fast Company Brasil+1
Use gerenciadores de senhas e autenticação em duas etapas — especialmente se for fazer login em sites de loja. Evita que credenciais sejam capturadas. Fast Company Brasil+1
Pesquise reputação da loja e reviews independentes — se for nova ou tiver comentários negativos, desconfie.
Essas medidas simples podem evitar que você se torne uma estatística de golpe.
Por que o consumidor precisa adotar uma “mentalidade de segurança”
Até pouco tempo atrás, proteger-se contra fraudes online era relativamente simples. Bastava evitar e-mails suspeitos, conferir se havia “https” no site e desconfiar de ofertas muito vantajosas. Mas a IA mudou o jogo.
Agora, os golpes são mais automáticos, escaláveis e convincentes. Sites clonados, anúncios com deepfake, copywriting enganoso: tudo isso pode enganar até quem costuma ter cuidado.
Para proteger o próprio bolso e dados, o consumidor moderno precisa ir além da cautela básica. Deve adotar uma postura de ceticismo consciente — questionar o quanto julgar necessário e validar a reputação da loja. Comprar com emoção, impulsividade e pressa virou risco real.
O papel das empresas e plataformas
Não é apenas uma tarefa do consumidor. As marcas, marketplaces e plataformas de e-commerce também têm responsabilidade. Algumas ações essenciais:
Registrar domínios próximos aos seus nomes (incluindo variações com erro) para evitar que terceiros façam typosquatting. Fast Company Brasil+1
Monitorar domínios clonados e removê-los rapidamente.
Investir em campanhas de educação sobre segurança para usuários, especialmente na Black Friday.
Oferecer meios de pagamento seguros que protejam o cliente em caso de fraude.
Denunciar publicamente golpes para alertar outros consumidores e proteger sua reputação.
Sem esse esforço, parte da “corrida por preço” pode se transformar numa corrida por prejuízo.
Conclusão
A Black Friday é uma data de oportunidade — e também de risco. Em 2025, a força dos golpes digitais está mais forte do que nunca. A IA facilitou a criação de sites falsos, anúncios realistas e fraudes bem montadas.
Para não deixar seu bolso e dados vulneráveis, você precisa cuidar dos detalhes: verificar URLs, evitar atalhos, desconfiar de ofertas milagrosas e priorizar segurança nos pagamentos.
Mais do que nunca, vale adotar uma postura de consumidor vigilante e informado. Porque o maior desconto que você pode conseguir este ano não está no carrinho — está na sua segurança.
Fica a dica: pague com consciência. E compre apenas quando tiver certeza de onde está.





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