Bancos endurecem controles contra contas de apostas irregulares
- Marília Oliveira

- há 3 minutos
- 4 min de leitura

Um novo movimento no sistema financeiro brasileiro
A partir de outubro de 2025, os bancos brasileiros começaram a adotar uma postura muito mais rígida contra contas bancárias associadas a apostas online irregulares, fraudes digitais e movimentações suspeitas.
A decisão, apoiada pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e pelo Banco Central do Brasil (BCB), marca o início de uma nova fase de autorregulação e transparência no sistema financeiro.
Na prática, isso significa que contas usadas por plataformas de apostas sem autorização oficial, conhecidas como bets, ou por terceiros em esquemas de fraude, serão bloqueadas ou encerradas imediatamente.
O que muda para os bancos
De acordo com a Febraban, as novas regras exigem que os bancos implementem políticas internas mais robustas de prevenção e compliance. As principais diretrizes incluem:
Identificação de contas “laranjas” e “frias” — abertas em nome de uma pessoa, mas operadas por outra, ou criadas com dados falsos.
Encerramento imediato de contas ligadas a bets irregulares, ou seja, plataformas de apostas não licenciadas pela Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda.
Comunicação obrigatória ao Banco Central sempre que for detectada atividade suspeita, garantindo troca de informações entre instituições financeiras.
Comprovação de conformidade — os bancos precisarão apresentar evidências de que cumprem as normas de autorregulação, sujeitando-se a auditorias internas e externas.
Essas medidas ampliam o papel das áreas de compliance, jurídico, risco e ouvidoria, tornando-as protagonistas na prevenção de fraudes e lavagem de dinheiro.
Por que o setor está endurecendo
O cenário que levou à criação dessas novas regras envolve três fatores principais:
Aumento expressivo de golpes digitais e fraudes financeiras, muitas vezes com o uso de contas intermediárias para disfarçar a origem de recursos.
Expansão acelerada do mercado de apostas online, que cresceu antes da consolidação de uma regulação firme.
Pressão regulatória e reputacional, já que bancos têm sido cobrados por maior responsabilidade na detecção de movimentações suspeitas.
Segundo especialistas, o objetivo é preservar a integridade do sistema bancário, fortalecer a confiança dos clientes e evitar que o Brasil se torne um terreno fértil para lavagem de dinheiro via plataformas não regulamentadas.
Impacto para o mercado e para as empresas
1. Bancos e fintechs
Para o setor financeiro, o desafio será equilibrar compliance rigoroso e eficiência operacional.Instituições que não cumprirem as novas exigências poderão enfrentar sanções internas da Febraban e perda de credibilidade no mercado.
Além disso, será necessário investir mais em:
sistemas de monitoramento automatizado de transações;
inteligência artificial para detecção de padrões suspeitos;
e auditorias internas independentes para validar processos.
2. Empresas que dependem de transações financeiras
Empresas que recebem pagamentos de plataformas digitais, influenciadores ou parceiros externos precisarão revisar seus contratos e garantir transparência na origem dos recursos.
Quem trabalha com apostas, jogos online, marketing de afiliados ou streaming de conteúdo monetizado deve redobrar o cuidado. Se um parceiro for flagrado com irregularidades, o impacto pode chegar ao próprio negócio.
3. Pessoas físicas
Usuários comuns também serão afetados — de forma positiva e negativa.Por um lado, haverá mais segurança e rastreabilidade nas transações.Por outro, o uso de contas por terceiros, mesmo que de boa-fé, pode levar ao encerramento da conta ou à inclusão em listas de risco.
Apostas online: o novo foco de atenção
O setor de apostas é hoje um dos mais vigiados do país. Desde a criação da Secretaria de Prêmios e Apostas, o governo tenta formalizar e controlar o mercado.
Mas muitas plataformas ainda operam sem licença ou sede legal no Brasil, movimentando bilhões fora do alcance da fiscalização.Essas plataformas irregulares são usadas, em alguns casos, para ocultar movimentações financeiras ou lavar dinheiro.
Com a nova política da Febraban, bancos estão orientados a bloquear transações suspeitas e impedir a abertura de novas contas ligadas a essas operações.
O impacto é duplo:
Para o setor de apostas, representa uma pressão para se formalizar e seguir regras.
Para o sistema bancário, é uma blindagem contra riscos legais e reputacionais.
O que empresas e profissionais devem fazer agora
1. Revisar processos internos
Audite seus contratos, fluxos de pagamento e parcerias.Certifique-se de que nenhum parceiro ou fornecedor utiliza plataformas de apostas não reguladas.
2. Fortalecer o compliance
Implemente políticas de “Conheça seu Cliente” (KYC) e “Conheça seu Parceiro” (KYP).
Registre e documente a origem dos fundos movimentados.
Atualize os protocolos de prevenção à lavagem de dinheiro (PLD).
3. Investir em tecnologia
Soluções de monitoramento automatizado, IA e machine learning ajudam a detectar padrões atípicos de movimentação financeira antes que causem prejuízos.
4. Treinar equipes e conscientizar clientes
Educar colaboradores e clientes é essencial. Explique por que o uso indevido de contas pode resultar em bloqueios e como evitar práticas de risco.
O que esperar nos próximos meses
O movimento iniciado pela Febraban tende a ganhar força.Veja o que pode vir pela frente:
Mais exigências regulatórias da Secretaria de Prêmios e Apostas e do Banco Central.
Auditorias conjuntas entre bancos e órgãos públicos.
Fiscalização intensiva sobre fintechs e instituições menores, que tradicionalmente têm controles mais flexíveis.
Integração de dados entre bancos, órgãos reguladores e autoridades de segurança.
Mudança cultural no mercado: menos espaço para operações “cinzentas” e mais exigência de transparência total.
Conclusão: o preço da integridade
O endurecimento das regras não é apenas uma resposta a fraudes — é uma estratégia de sobrevivência institucional. Com um sistema financeiro cada vez mais digital, a confiança virou o ativo mais valioso.
Para bancos, fintechs e empresas, o momento é de ação:
atualizar políticas,
reforçar controles,
e demonstrar compromisso com práticas éticas e sustentáveis.
No longo prazo, o resultado é positivo: um sistema mais seguro, competitivo e confiável — tanto para instituições quanto para clientes.
👉 Se sua empresa opera no setor financeiro, digital ou de apostas, este é o momento de revisar seus processos de compliance.A adaptação agora evita riscos, bloqueios e sanções no futuro.
💡 Quer saber como implementar políticas de prevenção eficazes e manter a conformidade?Entre em contato com especialistas em compliance financeiro e regulação bancária.
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