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Conexão entre Empréstimos e Apostas Esportivas no Brasil: Uma Realidade Preocupante


Apostas Esportivas

Nos últimos anos, o mercado de apostas esportivas no Brasil tem crescido exponencialmente, atingindo níveis que despertam a atenção de instituições financeiras e especialistas em crédito. Um levantamento recente conduzido pela fintech Klavi revela uma ligação preocupante entre o aumento do número de apostadores e o uso de empréstimos para financiar esses jogos. A pesquisa, que analisou o comportamento de crédito de 5 mil correntistas de bancos em todo o país, mostra que uma parte significativa desse público tem utilizado dinheiro de empréstimos para apostar, trazendo à tona questões que envolvem o endividamento e a inadimplência.


Crescimento das Apostas e Alavancagem Financeira


De acordo com os dados divulgados pela Klavi, 30% dos correntistas analisados buscaram algum tipo de empréstimo no último ano e, posteriormente, utilizaram parte ou o total do montante obtido em apostas esportivas. Esse fenômeno de alavancagem financeira é especialmente preocupante, pois, ao invés de utilizarem dinheiro que eventualmente “sobraria”, muitos apostadores recorrem ao crédito, aumentando o risco de inadimplência.


Os valores solicitados nos empréstimos variam entre R$ 500 e R$ 4 mil, com um gasto médio de R$ 1.113,09 por apostador. Embora a maior parte das apostas envolva montantes relativamente baixos, há casos extremos em que indivíduos chegam a desembolsar mais de R$ 50 mil em apostas antes de recorrer a novos empréstimos. Para 5% dos apostadores, os valores gastos nas plataformas de jogos ultrapassam os R$ 4 mil, demonstrando um comportamento financeiro arriscado e com potencial de deterioração do bem-estar econômico dessas pessoas.


Impacto nas Finanças e Aumento da Inadimplência


O estudo aponta que o crescimento do setor de apostas está diretamente relacionado ao aumento do endividamento da população. Esse cenário preocupa especialistas, que alertam para as possíveis consequências desse comportamento financeiro imprudente, não só no aumento da inadimplência, mas também no encarecimento do crédito no país. O presidente do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), Pedro Afonso Gomes, destaca que o aumento de empréstimos para apostas está relacionado a uma falsa percepção de ganho fácil, onde muitos acreditam que podem multiplicar seus recursos rapidamente, sem considerar os riscos.


Outro fator preocupante revelado pelo levantamento é a disparidade entre os perfis dos apostadores e a renda disponível. Cerca de 64% dos entrevistados pela pesquisa ganham entre um e três salários mínimos, o que limita severamente sua capacidade de lidar com perdas financeiras. Esse perfil de apostador, majoritariamente homem e com idade entre 35 e 49 anos, acaba utilizando recursos que deveriam ser destinados a outros compromissos financeiros, aumentando sua vulnerabilidade econômica.


O Papel do Open Finance na Identificação de Comportamentos


A fintech Klavi utilizou a plataforma de Open Finance para analisar, de maneira anônima, os dados financeiros dos correntistas e verificar como o dinheiro estava sendo gasto. A partir dessa análise, foi possível identificar que os pagamentos a CNPJs de empresas de apostas eram feitos logo após a aquisição de crédito. A empresa realiza essas avaliações mensalmente, atendendo a uma demanda crescente de bancos e financeiras interessadas em entender o impacto das apostas nas finanças de seus clientes e, principalmente, como esse comportamento afeta a análise de crédito.


Para o CEO da Klavi, Bruno Chan, os resultados obtidos pela pesquisa são importantes para que as instituições financeiras possam se preparar e ajustar suas estratégias de concessão de crédito. “Há muita empresa de crédito querendo entender como as pessoas gastam em apostas e como isso influencia a inadimplência”, explica o executivo.


Educação Financeira e Riscos de Vício em Jogos de Azar


Um dos principais problemas apontados por especialistas é a falta de educação financeira, especialmente entre as classes de menor renda, o que contribui para o aumento da dependência de jogos de azar. Vicente Guimarães, presidente da VG Research, salienta que, além do impacto econômico, o vício em jogos pode se transformar em um grave problema de saúde pública. A liberação de adrenalina e dopamina durante as apostas pode gerar uma dependência química, levando muitos jogadores a desenvolverem comportamentos compulsivos que exigem tratamento especializado.


O economista Pedro Afonso Gomes também ressalta que a precificação de produtos financeiros, como juros de empréstimos, leva em consideração o risco de inadimplência. Com o aumento das apostas, essa precificação tende a ser mais alta, refletindo os riscos envolvidos.


Apostas e Programas Sociais: Um Impacto Surpreendente


Um dado particularmente alarmante revelado pelo Banco Central do Brasil é o envolvimento de beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família, nas apostas esportivas. Em um levantamento recente, o BC apontou que 5 milhões de pessoas beneficiadas pelo programa enviaram, via Pix, R$ 3 bilhões para plataformas de apostas. Esse dado levanta questões sobre o uso dos recursos destinados a famílias de baixa renda e os possíveis impactos no bem-estar financeiro dessas populações.


Conclusão


O crescimento das apostas esportivas no Brasil, embora represente um mercado em expansão, traz consigo sérios riscos ao equilíbrio financeiro de muitas famílias. O uso de empréstimos para sustentar esse hábito é apenas uma das facetas de um problema maior, que envolve desde a falta de educação financeira até a dependência química em jogos de azar. À medida que o setor continua a crescer, torna-se essencial que as instituições financeiras, o governo e a sociedade civil se mobilizem para mitigar os danos causados por esse comportamento de consumo.


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